quinta-feira, 29 de maio de 2008

Chuva de amor







Chove a cântaros…
Quedas de água nos meus cabelos…
Mas cada gota lembra-me um beijo nosso…
Uma chuva de beijos no meu coração…
Levando-me para mares e rios de abraços teus…






Chove o mundo…
Uma chuva de amor torrencial…
Colada a todos os poros da minha pele…
Encharcando-me os sentidos e a alma…
És chuva de amor em mim
Chuva imensa de relâmpagos…
Trovoando nos ares da minha paixão…
Chove um desejo de estar a teu lado…
Chove um segredo partido em dois…
Chove um céu de amor em mim… Tu.



segunda-feira, 26 de maio de 2008

Pedacinho






As estrelas foram buscar a Lua…
Viajaram no rasto de um cometa…
E vieram sentar-se perto de mim…
Trouxeram cestas de auroras boreais…
Oferendas mágicas de explosões de azuis…
Sóis da meia-noite com as cores da minha alma…
E um lenço de nuvens com sonhos enfeitiçados…





Fogem as lágrimas amansando a tristeza
Ventos de sorrisos inundam-me o olhar…
Cala-se a voz inundada pelas marés…
Alcançam as mãos os presentes dos deuses…
E guardo em mim o mais especial de todos…
Um pedacinho de silêncio com o teu nome…

... Meu amor...






domingo, 25 de maio de 2008

Tempo








Houve um tempo em que pensava que era rainha e senhora do Tempo. O tempo foi passando e eu a vê-lo fugir sem tempo para o fazer parar. Passei por tantos tempos embalados em alegrias e tristezas que por vezes pensei que o tempo não acabava.

Hoje sentei-me à sombra do passado, no calor do presente, relembrando momentos e sonhos dos meus tempos, derramando lágrimas por tempos perdidos. Pudesse eu recuar no tempo e apagar os maus tempos, mas o tempo esvai-se por entre os dedos do tempo. Tempo cruel que me faz sentir que por vezes não vale a pena viver tempo nenhum.

Outros tempos virão, escondidos em mistérios dos tempos, e não sei se ainda vou a tempo de ser feliz. Apenas sei que o tempo tem bons tempos, de tempos a tempos, quando disso é tempo. Talvez mergulhe num tempo em que guardarei tempo para pensar no tempo, deixando-o fluir e passar por mim sem me deixar tempo para nada.

Não saio incólume deste tempo, nem posso apagar tempos que me aprisionaram a alma. Guardarei feridas e dores de todos os tempos com um olhar no futuro, na expectativa de melhores tempos, ansiando saber de que tempo é feito o Tempo.








quinta-feira, 22 de maio de 2008

Química



Contigo vivo uma experiência…
Que não foi fabricada num laboratório…
Sem pozinhos misturados num tubo de ensaio…
Sem fórmulas especiais feitas por génios…
Enchendo folhas infindas de compêndios…



Contigo vivo algo simples mas real…
Tão cristalino e claro como água…
Que borbulha nas palavras que trocamos…
Nas palavras que escrevemos…
Ou nos silêncios a dois…
Porque assim tão naturalmente...
Entre nós…
Há química.


(20/05/08)


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Sombra





Sempre que falo contigo sinto a alma explodir…
Como se fosse um imenso fogo de artifício…
Há mais céu no meu horizonte...
Há mais mar nos meus olhos…
Um frio que percorre o corpo e gela as mãos…
Aquele nó no estômago que atordoa os apaixonados…





Nas palavras trocadas está latente tudo o que calamos…
Fugimos de sentimentos que guardámos na memória…
Mas não precisamos dizê-lo porque sabemos…
E se a teu lado permanece apenas a minha sombra…
Não é alegria a água do meu olhar…
Porque não te tenho perto de mim…





sexta-feira, 16 de maio de 2008

Bonita





De todas as noites escolhi aquela…
Para me lembrar hoje e sempre…
Por ser a mais especial de todas…
E por me fazeres sentir diferente…
Num Estio com perfumes de mar…








Os gestos calmos nas pontas dos dedos…
Escovando os cabelos bem comportados…
A maquilhagem feita de sorrisos sonoros…
A roupa ajustada em pontos de alegria…
Saltitando passos seguros nas cores da noite…
Chegando veloz para te ouvir dizer…
Estás tão bonita!


quarta-feira, 14 de maio de 2008

Tango



Espera-me um pouco…
Voltarei num Verão de perfumes…
Trazendo na mão uma flor com o teu nome…
Saberás que sou eu…
Porque a minha alma abraçará a tua…





Teremos um tango só nosso…
E dirás que estou aqui a teus pés…
Mas logo direi que estás tu aos meus…






E nestes passos ondulantes de sons…
Voará uma breve dúvida nos teus olhos…
Que fugirá quando encontrares os meus…
Verás um olhar que tem um brilho especial…
Aquele que eu tenho só para Ti.




terça-feira, 13 de maio de 2008

Maria





MÃE







LUZ







MARIA




Salve, Regina, mater misericordiae:
Vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
Ad te clamamus, exsules, filii Hevae.
Ad te suspiramus, gementes et flentes
In hac lacrimarum valle.
Eia ergo, Advocata nostra,
Illos tuos misericordes oculos ad nos converte.
Et Iesum, benedictum fructum ventris tui,
Nobis, post hoc exsilium ostende.
O clemens,
O pia,
O dulcis,
Virgo Maria.


sexta-feira, 9 de maio de 2008

Um chá no meu deserto







Quero…
Abrir a janela…
E ver o teu rosto no Sol…
Sentir o vento nos cabelos…
Como murmúrios da tua voz…
Mergulhar nas ondas…
Como se fossem a tua alma…
Deitar-me à luz das estrelas…
Como se fosse o brilho do teu olhar…









Quero…
Lembrar-me de um chá no deserto…
Da sombra do teu chapéu…
De uma gargalhada a dois…
Do telefone a tocar de madrugada…
De uma zanga muito especial…








Quero…
Recordar sorrindo…
O meu beijo no teu peito…
O teu beijo no meu pescoço…
As tuas palavras coladas ao meu ouvido…
Com uma bolinha tão rubra no canto…





E assim…
Guardadas num sonho de neve…
Ficam memórias nossas de dias azuis…
Que nem a chuva nos meus olhos poderá levar…



quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ainda








Se o amor fosse uma roupa “despia-te” do meu corpo…
Se fosse marca de sono na cara “lavava-te” com sabonete…
Mas o amor não desaparece por magia…
Não se despe nem se lava do corpo…
Tu vives ainda em mim… como brasa incandescente…
Queimas-me os sentidos… com searas de recordações…
Tenho o teu rosto tatuado na alma…
A tua falta é uma dor latente em mim…
Roubas-me lágrimas teimosas num olhar de saudade…



Não te quero esquecer… não posso…
Quero lembrar os últimos meses…
Os tempos de um fim sem fim…
Ainda tão perto… ainda tão vivos…
Os Outonos…
Os Invernos…
As Primaveras…
O Verão de estrelas…
As zangas…
Os amuos…
Os beijos…
Quero lembrar o que era nosso…
Sentir o calor da tua mão na minha…
Porque te amo A.♥…
Ainda.









Minha Pátria é a Língua Portuguesa






"Minha Pátria é a Língua Portuguesa


MANIFESTO
EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA
CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO

(Ao abrigo do disposto nos Artigos n.os 52.º da Constituição da República Portuguesa, 247.º a 249.º do Regimento da Assembleia da República, 1.º n.º. 1, 2.º n.º 1, 4.º, 5.º, 6.º e seguintes da Lei que regula o exercício do Direito de Petição)

Ex.mo Senhor Presidente da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro

1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.

Se queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.

2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado) e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.

Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Doutor Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.

3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em "acordos" mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.

O Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.

4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.

É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes "mudas" – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.

Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão. Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa.

A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).

Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania.

Os signatários,
Ana Isabel Buescu
António Emiliano
António Lobo Xavier
Eduardo Lourenço
Helena Buescu
Jorge Morais Barbosa
José Pacheco Pereira
José da Silva Peneda
Laura Bulger
Luís Fagundes Duarte
Maria Alzira Seixo
Mário Cláudio
Miguel Veiga
Paulo Teixeira Pinto
Raul Miguel Rosado Fernandes
Vasco Graça Moura
Vítor Manuel Aguiar e Silva
Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho
Zita Seabra
...

Espero e acredito sinceramente que esta não será apenas mais uma iniciativa contra o Acordo Ortográfico, mas sim a iniciativa que irá conseguir reunir apoios suficientes para dar uma prova definitiva de como existe um sentimento generalizado contra esta mudança que nos querem impor. Mais do que uma simples contestação, é a defesa da nossa identidade que nos move, e quando assim é, haverá causa mais nobre?

Poderão juntar a vossa voz a esta causa em
Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico, pois todos não seremos demais."



quinta-feira, 1 de maio de 2008

Embrulhos







Embrulhei um beijo num beijo…
Para com ele te embrulhar…
Nos carinhos de todos os carinhos…
Sentei-me à beirinha da falésia…
De olhar perdido nos azuis marinhos…
Serenamente embrulhada nos teus perfumes…
Soprei bolinhas de sabão perfumado…
Que esvoaçam embrulhadas em sonhos…
E esculpem o teu nome no ar…
Embrulhei-me nos teus sentidos…
Para sentir-te enleado em mim…
Em segredos só de nós dois.