Futilidades

E como a vida não é só trabalho e preocupações, resolvi pensar nalgumas futilidades que me interessam.

Pois é, já tenho toilette para a passagem de ano, duas até, e dois pares de sapatos a condizer, como é óbvio! Gosto de pensar nestas coisas com muito tempo de antecedência e ter tudo alinhavado. Depois nas vésperas ponho-me frente ao espelho e escolho. Não é que a mudança de ano me diga alguma coisa e também não me ponho em cima de nenhuma cadeira com uma nota na mão e a outra cheia de passas, tenho mais que fazer! Não preciso de ser rica, só preciso de ter as contas em dia, comer doze passas umas atrás das outras faz azia e não é noite para maleitas, é noite só para pensar que o Mundo é belo, que os homens são uma maravilha e que nunca mentem (depois temos tempo no dia 1 para dizer do primeiro… oh, que pena, foi um sonho! Do segundo só me ocorre mesmo… ahahah!).

O relógio não passa de uma convenção e como tal nada me diz, apenas tenho de o seguir porque a isso sou obrigada. Por acaso a nossa vida muda do dia 31 de Dezembro para 1 de Janeiro? Claro que não, vira o disco e toca o mesmo. A mim o révéillon só me interessa porque me meto na alheta e vou dançar. Beber é que não, basta um champanhe e pronto, o resto da noite é água tónica, natural ou uma cola.

Ah como é bom pensar em coisinhas simples! Uns trapitos, uns calcantes, uns brincos e toca a andar. Entretanto vou perguntando: “Espelho meu, espelho meu… há alguma Kakau mais doida do que eu?”

Por acaso até há, há muito mais doidos e doidas do que eu pensava e eu não sou a maior de todas. Se calhar até sou das pessoas mais lúcidas, hoje dei-me conta disso num maravilhoso e tranquilo fim de tarde de sueste frente ao mar, tomando um café delicioso, muito bem acompanhada e trocando uma excelente conversa.

Também me dei conta de muito mais coisas, mas sobretudo tive a certeza das raízes que construí e que o caminho que tracei para mim…

... está finalmente a caminho.