quarta-feira, 30 de junho de 2010

Gildas




As Gildas deixam a noite do barlavento e rumam ao Verão do sotavento, embaladas pelo sueste estrelado e quente. A cidade fica expectante com a volta das princesas. Cedo não será, mas elas voltam. Partem com perfume de mar em direcção aos aromas serranos.



As horas fluem dançantes. As risotas também. Os comentários trocam-se discretamente, sob o olhar aguçado dos mouros.



Muitos aniversários, muitos parabéns cantados, muitas velas acesas e palmas. O gelo agita-se nos copos, os brindes tilintam no vidro. Muita alegria.



Aproxima-se o mouro em passos lentos, sorridente, familiar. Leva a sua Gilda para o meio da sala e enlaça-a em jeito de príncipe.



E, como por magia, o cantor começa a entoar esta “Paixão”, como se adivinhasse pensamentos. As Gildas observam o par romântico e sorriem. Juntam as vozes às muitas outras e trauteiam… tu eras aquele que eu mais queria



Soa a hora do regresso. Os mouros agitam-se no bulício nocturno, querendo levar as Gildas. Prometem-lhes muitas amendoeiras em flor e reinos inventados. Mas as princesas vão para outras neves… com a promessa de voltar.






Partem para o seu castelo, saudosas de maresia. Atento, o príncipe mouro escolta a carruagem das princesas até à estrada de mil cores. Afinal, uma delas é a sua Gilda. Estiveram…





juntos no escuro, de mão dada a ouvir aquela música maluca sempre a subir











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