sábado, 10 de julho de 2010




Um Quociente apaixonou-se
doidamente
por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a, do Ápice à Base...
uma Figura Ímpar,
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo ortogonal, seios esferóides.
Fez da sua uma vida paralela à dela,
até que se encontraram no Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
o que, em aritmética, corresponde
a alma irmãs, Primos-entre-si.

E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz,
numa sexta potenciação traçando,
ao sabor do momento e da paixão,
rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidianas
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções Newtonianas e Pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se,
constituir um lar.
Mais que um lar…
uma Perpendicular.

Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro,
sonhando com uma felicidade
Integral… e Diferencial.

E casaram-se. Tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes até àquele dia
em que tudo, afinal, se torna monotonia.

Foi então que surgiu
o Máximo Divisor Comum...
frequentador de Círculos Concêntricos Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma Grandeza Absoluta,
e reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais Um Todo,
uma Unidade.
Era o Triângulo, chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
mais Ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo que era espúrio passou a ser Moralidade,
como, aliás, em qualquer Sociedade.


Autor desconhecido






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