Se o oceano não fosse
Essa casa de Cabral
Esse sal, que à água doce
Trouxe às naus de Portugal
O movimento maior
Que levanta o albatroz
Num grito que deu a voz
À fala do Adamastor
Se o mar não fosse o caminho
Das terras da nossa terra
Que guerras teria a paz
Que paz nos traria a guerra
Ai, se este mar não soubera
O que ninguém adivinha
Que nova carta escrevera
O Pêro Vaz de Caminha
E as índias da nossa idade
No mais fundo da viagem
Dão vice-reis da coragem
Guerreiros da eternidade
Esse mar que Luíz Vaz
Derrotou com um poema
Mensagem que o tempo traz
Porque tudo vale a pena
Há esse cântico negro
Do mais régio dos encantos
De alma grande tão pequena
Que nunca atrevera tanto
Fez-se ao mar a caravela
Com panos de liberdade
E ao cheiro de outra canela
O reino fez-se cidade
2 comentários:
Se fosse hoje, o Luiz Vaz escreveria mais assim:
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!
(do blogue Marcha do Vapor)
(*)
Sem dúvida! E este Camões do século XXI teve muito engenho e arte para retratar a situação actual.
Mas este poema com música do Palma e com a voz da Lúcia Moniz é de uma beleza imensa. Não encontrei a informação se também foi escrito pelo Palma, presumo que sim, mas é um hino ao nosso Portugal, uma homenagem bonita do que fomos e dos bravos que tivemos. E faz-nos transportar a eras em "Que outro valor mais alto se alevanta."
(*)
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