Tinha 15 anos. Os cabelos castanhos tocavam a cintura e as saias trepavam pelos joelhos. Pintava os olhos de sombras azuis e roxas e as pestanas tinham quilos de rímel. O perfume combinava com a minha personalidade: doce, inocente, mas atenta. A Vida não escondia o seu lado perverso, mas o caminho estava ali mesmo à minha frente, umas vezes azul e outras vezes negro.
O James Taylor ecoava na sala, na verdade em toda a casa, símbolo mágico da juventude, as capas dos discos cuidadosamente arrumadas porque o seu conteúdo era precioso e tocava todos os sentidos. As letras tinham significado para todas as ocasiões e arrancavam lágrimas e sorrisos. Dançava-as perdida num universo só meu, quantas vezes esquecendo o meu par que brincava suavemente com o meu cabelo. Só despertava do meu mundo quando ele encostava o rosto ao meu e murmurava ao meu ouvido: “Cheiras tão bem!”