Perguntaram-me como é que eu estou, se
mais bonita, mais magra ou mais gorda…
Não me perguntaram se estou feliz, se
tenho saúde, se tenho problemas, ou se tenho tristezas. Não me perguntaram se
aprendi algo mais com os anos, se limei os meus defeitos, se os fiz desaparecer
ou se transformei alguns em qualidades. Não, isso não me perguntaram.
Certamente irão olhar-me de alto a baixo para ver onde andam as roupas de
marca, as jóias e os eventuais sinais de riqueza material. Irão achar-me uma
pirosa porque tenho um carro velho em vez de um grande bólide ou porque nunca
fiz, pelo menos, uma dezena de plásticas e não tenho duas melancias de
silicone.
Se tenho alguma riqueza mental e
espiritual, se fiz do envelhecimento um meio de evolução e não de estagnação ou
comiseração… isso não tem importância para algumas pessoas. É porque não sabem
o que é o real sentido da Vida e o que fazemos neste mundo. Não sabem que viver
não se traduz em quilos a mais ou a menos, ou em trapos e calcantes caros. Não
sabem que acima dessas coisas, que também nos agradam, é certo, há os factores
que são verdadeiramente importantes, os que contam para que se abram os
horizontes do conhecimento perante o nosso olhar.
Para algumas pessoas esta bola azul deve
estar arrumada na prateleira de alguma loja e não há mistério algum. Mas, para
mim, continua a ser um mistério como é que num mundo tão cheio de vicissitudes
ainda há quem viva apenas na periferia da realidade e nunca dê valor ao que
realmente tem valor.