Tinha cinco anos e meio quando tive uma das melhores experiências da minha vida.
O meu Pai levou-nos ao colégio, à minha irmã e a mim, naquele início de Outubro. Quando saí do carro fiquei extasiada ao ver a imensidão daquele edifício tão alegre, tão bonito e tão cheio de árvores, foi mesmo amor à primeira vista!
Eu não entendia nada do que a professora me dizia, apenas lhe sorria deliciada pela novidade da língua, deliciada pela sala de aula enorme e luminosa, pelas carteirinhas minúsculas, pelo recreio, enfim, por tudo.
Um ano depois já eu falava francês pelos cotovelos, esponjas que são as crianças e tudo aprendem à velocidade da luz. Ganhei muitos prémios e recordo com ternura o fecho do ano lectivo com toda a solenidade no ginásio e mais tarde no São Luís.
Foram treze anos maravilhosos e nunca houve um dia em que pudesse dizer que estava farta porque ali tudo me encantava. Lembro-me de tantas amigas, de tantos amigos, de tantas peripécias divertidas!
Adorava as aulas de ballet, de canto, de culinária, de francês, inglês e alemão, mas franzia o nariz aos Lavores e a certas modalidades da ginástica, uma delas era subir à corda. Dava-me cada ataque de riso que subia dois ou três nós e ficava-me por ali. Em contrapartida era sempre a segunda da turma no salto em comprimento, isto porque a João tinha pernas de Bugs Bunny e passava-me justamente… a perna, eheheh!
Depois dos anos da adolescência chegou a altura de pensar na carreira. Aos dezasseis anos estava decidida, seria Direito (depois mudei para Germânicas). Só que a minha vida teve um acontecimento inesperado porque o Fefas passou a fazer parte da minha turma, também ele queria ser advogado e assim lá se juntou ao pequeno bando de Letras em que as meninas predominavam e os meninos estavam em minoria.
Tivemos aulas que eram um verdadeiro papelinho, sobretudo as de Latim em que o Fefas, o Zé M, o Zé F, e o Alvarinho se divertiam a atirar bolas de papel para mim, para a Ana e para a Inô. Eles faziam questão de se sentarem nas últimas carteiras e nós levávamos com os “projécteis” na tola. O azar dos azares é que um dia uma das bolinhas foi mal calculada e parecia um meteorito a aterrar na mesa da professora. Resultado, mudámos para a cave do edifício central com carteiras numa só fila e lá se foram as infantilidades dos meninos que nos fizeram ouvir das boas. Eu cá perdia-me a rir, mas também comi por tabela, claro, noblesse oblige!
Qual foi a chave de ouro do ano lectivo de 72-73, o meu namoro com o Fefas, claro! E atingiu proporções que nenhum de nós poderia imaginar. Contrariámos, embora involuntariamente, a rígida disciplina establecida ao ser o primeiro casalinho a se atrever a andar de mãos dadas dentro do colégio.
Havia tanto a contar mas levaria páginas e páginas. Como epílogo fica a primeira visita a França em 71, numa viagem organizada pelo colégio que incluía antigos alunos e familiares. Os preços eram mesmo para estudantes e em território francês ficámos nas Pousadas de Juventude. A de Paris era um prédio gigantesco.
Foi a única vez que andei descalça numa cidade e foi também no Théâtre de La Porte de St. Martin que vi a peça musical Hair. O cantor principal era o “meu” Julien Clerc, um ídolo que eu seguia desde os doze anos, coleccionando as famosas revistas Salut Les Copains e Mlle Âge Tendre, época também da minha fase so so hippie, exceptuando as drogas que foi coisa que nunca experimentei porque a minha "droga"... é a night!
O colégio foi uma grande base, a todos os níveis, o meu coração terá sempre um cantinho francês e serei sempre um pouco … une enfant de la Patrie, une enfant du Lycée Français Charles Lepierre.
La plus belle pour aller danser, Sylvie Vartan
3 comentários:
Humm querida kakauzinha...
É sempre uma ternura ler os teus momentos de "ontem"...
Um beijo bem doce em tu :O)**
Jasmim
Querida Jasmim,
O ontem ilumina o meu hoje para poder seguir para o amanhã.
Beijinhos e sorrisos****:)))
vamos kakauzinha~
Dá ai a mão:)))
Beijinho
(*)
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