domingo, 11 de abril de 2010

"Elegia"





Nem os dias longos me separam da tua imagem.

Abro-a no espelho de um céu monótono, ou

deixo que a tarde a prolongue no tédio dos

horizontes. O perfil cinzento da montanha,

para norte, e a linha azul do mar, a sul,

dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia

quando, ao dizer o teu nome, a realidade do

som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo

o silêncio para que dele possas renascer,

sombra, e dessa presença possa abstrair a

tua memória.


Nuno Júdice














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