domingo, 29 de agosto de 2010

"Wait for me..."




...maybe...

.*.*.K.*.*.



Touched by an angel

Maya Angelou



We, unaccustomed to courage
exiles from delight
live coiled in shells of loneliness
until love leaves its high holy temple
and comes into our sight
to liberate us into life.

Love arrives
and in its train come ecstasies
old memories of pleasure
ancient histories of pain.
Yet if we are bold
love strikes away the chains of fear
from our souls.
 
We are weaned from our timidity
In the flush of love's light
we dare be brave
And suddenly we see
that love costs all we are
and will ever be.
Yet it is only love
which sets us free.



quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O namoro

Glitter Graphics





Naquele Verão ambos tinham treze anos e oito meses. Nasceram no mesmo ano e no mesmo mês.

A família dele achava-a a menina perfeita para o indomável adolescente. Já a mamã dela era outra conversa, as rebeldias do menino eram muito mal vistas. Além disso a menina andava na fase dos hippies e isso já era uma grande dor de cabeça. A mamã pensava que a filha sofria de uma doença de flores, rapazes de cabelo comprido e fitas amarradas na cabeça. Mais um rebelde no horizonte seria um Woodstock permanente, um pesadelo! O plano B era enfiá-la no colégio de freiras onde a mamã tinha sido uma aluna exemplar. A menina tinha o plano DCDPDPDF: Dar Cabo Da Paciência Das Pobres Das Freiras…

Ela era a paixão dele, de sempre. Ele tinha encantos escondidos para ela. O namoro aconteceu inevitavelmente. O indomável pediu e a hippie aceitou. Andaram de mãos dadas, trocaram beijinhos inocentes e as famílias nunca souberam.

Até foi um namoro bonito. Durou o mesmo que Woodstock… três dias.



(E ficaram amigos para sempre)






domingo, 22 de agosto de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Stay...



Stay…
 
Stay with me as if there was no tomorrow…
Forget the shadows, just remember the light…
Run to me as a summer breeze, don’t ever leave…
Keep the magic of souls bound by secrets…
Stay wordlessly, sharing my every thought…
Be the sundown in the quietness of the day…
Be my sweet shelter in the starry night…
Wrap your arms around my hope…
Draw a path of joy in my imagination…
Stay forever and chase all the sorrow away…
Make all wrong into right…

Stay…






segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Madrugada





Ainda é madrugada. A totó humana está ferrada a dormir, sonhando parvoíces que só mais tarde irá perceber porquê. De repente, os gatos disparam da cama como flechas, soltando o rugido de leão em versão mini. Algo os pôs em alerta máximo.






A totó rupestre levanta-se espavorida com a ideia de um encontro imediato do 3.º grau com os amigos do alheio. Ainda estremunhada e borrada de medo, avança cautelosamente pela casa. Os dois neurónios, o Tico e o Teco, acordaram dolorosamente e agem em câmara lenta, dificultando o plano de defesa. Que arma usar? O facalhão? A vassoura? A colher de pau? Lamenta-se não ser uma Kung-Fu e do nabo inútil que vive debaixo da cama, o Homem Invisível todo nu. Passa-lhe um clarão pelos Ticos: tem de contratar uns seguranças no Passerelle 2, é isso mesmo…

Depois de terminar a ronda percebe que foi falso alarme. Arruma a vassoura e arrepende-se de nem sequer ter tido umas lições com os Pauliteiros de Miranda. Mas fosse o que fosse que acordou os felinos não está dentro de casa. Suspira aliviada e volta para os lençóis. Lembra-se então do sonho idiota que estava a ter: de andar à chuva de saltos altos, sem saber onde nem porquê! Quem mandou ter andado a ver a tolinha da Tyra Banks com o bando dos ainda mais tolinhos e tolinhas do America’s Next Top Model? Mas é que há certas imbecilidades que prendem a atenção e esbugalham os olhos de uma totó rupestre…





sábado, 14 de agosto de 2010

Abraço



Maravilhoso como água pura…
Quente como noites estivais…
Mágico como céus estrelados…
Perfumada emoção de alegria…
Doce e para sempre memória…
Terna presença na ausência…


Foi assim…


O teu abraço.





quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os direitos do pénis




(autor desconhecido)


Eu, o Pénis, venho por este meio exigir um aumento de salário, apresentando as seguintes razões:

Faço esforços físicos.

Trabalho a grandes profundidades.

A cabeça é a primeira coisa que uso em tudo o que faço.

Trabalho num ambiente húmido.

Trabalho num local com iluminação e ventilação deficientes.

Trabalho com temperaturas elevadas.

Não gozo fins-de-semana nem feriados.



Resposta:

Caro Pénis:

Após a análise do seu pedido, e levando em consideração os argumentos por si apresentados, a administração rejeita o seu pedido pelas seguintes razões:



O senhor não trabalha 8 horas seguidas.

Adormece após breves períodos de trabalho.

Nem sempre segue as ordens da equipa de gestão.

Não permanece na sua área de serviço e é visto muitas vezes em visita a outras localidades.

O senhor não toma a iniciativa - necessita de ser pressionado e estimulado para começar a trabalhar.

O seu local de trabalho fica bastante sujo após o seu turno de trabalho.

Nem sempre obedece às normas de segurança necessárias, como a utilização de roupa de protecção.

Irá reformar-se antes dos 65 anos.

É incapaz de fazer turnos duplos.

Por vezes, abandona a sua área de trabalho antes de ter completado as tarefas que lhe foram atribuídas.

E como se tudo isto não bastasse, o senhor tem sido constantemente visto a entrar e a sair do seu local de trabalho carregando dois sacos de aparência suspeita.

Com os melhores cumprimentos,

A Gerência






segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Livro




The psychic task which a person can and must set for himself is not to feel secure, but to be able to tolerate insecurity.

Erich Fromm


All changes, even the most longed for, have their melancholy; for what we leave behind us is a part of ourselves; we must die to one life before we can enter another.

Anatole France


To keep the heart unwrinkled, to be hopeful, kindly, cheerful, reverent that is to triumph over old age.

Amos Bronson Alcott



Como um livro, a Vida vai-se escrevendo a cada aurora. Sob um Sol radioso ou fustigados por chuvas e ventanias, cada dia escrevemos uma página, feliz ou infeliz. É a vida, a de cada um de nós, presente efémero e desejado longo, tão longo quanto o horizonte se deixar alcançar.

Vivemos em contínua aprendizagem, caminhamos na direcção certa ou tropeçamos, sorrimos ou choramos, tudo é uma lição, mais ou menos cruel. Nunca sabemos quando se fecha um capítulo porque há segredos que não alcançamos. Desejamos mais, mas temos a plena consciência de que há sempre algo que nos escapa como uma nuvem de fumo. Quando os desejos se cumprem… tudo lembra um fogo-de-artifício multicolor. Quando nos falham… pairamos no vazio, procurando uma direcção que nos afaste das lágrimas. Escondemo-nos da vida, tentando fugir das amarguras, mas somos obrigados a olhar mais além.

Não sei os porquês, mas a minha intuição diz-me que este é o momento exacto para fechar outro longo capítulo do meu livro, deste livro cuja trama se desenrola perante mim, diante dos meus olhos que cantam ou então que se deixam vencer pelas marés, umas vezes pelos meus passos, outras vezes por passos desconhecidos aos quais me é impossível fugir. O meu coração lembra uma manta de retalhos, aurículas e ventrículos unidos por pontos de alegria e de tristeza, sempre empenhado nesta grande aventura.

Mas, por qualquer razão que me transcende, por desígnios que os deuses teimam em esconder-me, encontro em mim a ilusão de um novo capítulo e escrevo novas páginas, como se nascesse em cada mudança. Misteriosamente, o meu baú mágico de desejos nunca se esgota, nem a minha alegria talvez nascida de cogitações insondáveis. E é assim, dolorosa ou suavemente, que as páginas do meu livro se desvelam, num compasso musicado a um ritmo que tantas vezes gostaria de mudar. É assim que esta dança me obriga a prosseguir, tecendo teias de sonhos por cumprir, acariciada pelas saudades de todos os azuis da minha muito amada Lisboa, abraçada pelos suestes do meu Al-Gharb… teimosamente sorrindo por entre as nuvens.

.*.*.K.*.*.








terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Pequena dor"





You cannot find peace until you find all the pieces

Troy Dunn





Quando a noite me envolve de silêncios penso nas minhas dores. Mas é ao sentir tudo o que me dói que me dou conta que sou tão privilegiada. Tenho um tecto que me abriga, um prato na mesa e um olhar de arco-íris. Sei que todas as minhas dores são tão insignificantes comparadas com outras tão grandes, de quem não tem cores de alegria, de quem apenas vive de relentos e esmolas. Então sinto uma verdadeira dor de ter mais do que muitos e como sou pequena para lhes mitigar as dores.








domingo, 1 de agosto de 2010

Este admirável mundo podre





Tenho andado a assistir a cenas que lembram o estilo do “Feios, Porcos e Maus”. As ditas passam-se numa sala de chat e de acesso reservado onde há de tudo, gente bem-disposta e gente maldisposta. Uns conversam animadamente e outros insultam-se e revelam os podres. C’est la vie!

Embora os factos e as pessoas sejam reais, os nomes que aqui escrevo são fictícios.

Cena I

Duas amigas. Uma é a Azeda e outra a Cascavel. Têm o desabrido costume de criticar uns e outros sem terem razão para tal. Um dos alvos é o Pateta I. Está este a conversar com uma brasileira e a Cascavel começa a lançar piadas cortantes para a geral acerca de ambos. A brasileira, que entretanto caiu de pára-quedas no meio da confusão, pergunta-lhe o que se passa. A outra é mal-educada e torna-se ainda mais cascavel, picando a brasileira a torto e a direito. Esta, perdida a paciência e já mais que fula, responde-lhe:

- Você vá mas é levar na bunda!

- E você vá à merda e vá prá p… (piii!) que a pariu! - responde a Cascavel.

- Quem vai prá p… (piii!) que a pariu é você! - riposta a de terras de Vera Cruz.

Vem de lá o Pateta I, selecciona os nicks da Cascavel e da Azeda e diz:

- Vocês são umas grandes p… (piii!) e umas grandes vacas! Só vêm para aqui gozar e insultar toda a gente. Suas p… (piii!)

Nesta altura já uma parte da sala deixou de escrever só para ler o papelinho, eu inclusive, que cenaças destas não se podem perder.

E depois é que se vem a perceber os porquês de tanto insulto.

Cena II

A Azeda marcou um encontro com o Revoltado (por acaso eu até li os detalhes). Ele foi e ela não. E ele o que faz? Expõe-na na sala e diz tudo tintim por tintim. Embora seja comedido nas palavras, diz-lhe também que ela anda a gozar toda a gente. O Pateta I leu o incidente e juntou-o à lista de pancada verbal a infligir à Azeda.

Cena III

Como cereja no topo do bolo, o Pateta I tem vários nicks, anda armado em 007 do Entroncamento e sabe tudo das duas porque, pelo que se percebe, ou andou enrolado com a Cascavel e as coisas deram para o torto ou então marcou um encontro e também ficou a ver navios. Presume-se que durante as boas relações com a cobra tenha sabido da longa história da amiga azeda com um certo Mentiroso que dizia ser livre mas que afinal era mais que casado! Na hora da guerrilha serve-se desse pormenor para atirar chumbo em todas as direcções. Segue-se mais peixeirada pública, engalfinham-se todos e aqui vai disto, é piiis com fartura!

Aquilo já está transformado numa grande salada russa e, verdade seja dita, o Pateta I tem alguma razão, embora não deixe também de ser um malcriado. A Cascavel é uma convencida sem limites, sem sombra de dúvida. Na realidade, é uma mal divorciada, mal amada e mal fodida e insulta tudo e todos só porque lhe apetece e tem falta de muita coisa. Além disso, já foi desmascarada por um “moderador” que lhe chamou mentirosa com todas as letras e apresentou as provas publicamente! Eu já tinha percebido que ela é mesmo uma grande aldrabona e já perdeu os parafusos pelo percurso. Também tem falta de uma coisa que eu cá sei e resolvia-lhe o histerismo em três tempos…

A Azeda é outra que tal, armada em Rainha de Nenhures, e o Pateta I é um destrambelhado, convencido de que é o Rambo de Monsanto. O Revoltado não parece ser má pessoa, pelo menos disse o que tinha a dizer com uma certa elegância e foi conversar com outras meninas mais calorosas e simpáticas. Borrifou-se para os azedumes.

Fiquei a pensar: sendo esta uma sala de adultos bem adultos, é obra! Se fosse a miudagem ainda se entendia, mas a lavagem de roupa suja de graúdos bem graúdos é outra conversa. Como diria a hilariante Isabelle Drummond, a Bianca da “Caras e Bocas”:



É A TREVA!



Não vou deixar de lá ir porque há gente simpática com quem troco umas linhas e dou umas gargalhadas. E tenho a sensação que aquele trio ainda me vai fazer rir muito mais. Até porque as duas comadres dão frequentes sinais de desentendimento mútuo e adoram desbobinar tudo em público. E quando se zangam as comadres…

Bem, já agora e a propósito da “treva”: esta novela da Globo é de chorar a rir, do melhor que já vi. Ali dizem-se coisas muito sérias a brincar, pondo a nu tudo o que há de ridículo e de mau no Ser humano, com um sentido de humor impagável e um elenco de luxo, como já é hábito. E o chimpanzé é um espectáculo! Depois desta novela, o Xico (que afinal é uma menina) foi para um santuário de animais, ao abrigo de um programa de defesa da vida selvagem. Aí viverá até ao fim dos seus dias, bem acarinhado e em paz e sossego. Saravá!