segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Livro




The psychic task which a person can and must set for himself is not to feel secure, but to be able to tolerate insecurity.

Erich Fromm


All changes, even the most longed for, have their melancholy; for what we leave behind us is a part of ourselves; we must die to one life before we can enter another.

Anatole France


To keep the heart unwrinkled, to be hopeful, kindly, cheerful, reverent that is to triumph over old age.

Amos Bronson Alcott



Como um livro, a Vida vai-se escrevendo a cada aurora. Sob um Sol radioso ou fustigados por chuvas e ventanias, cada dia escrevemos uma página, feliz ou infeliz. É a vida, a de cada um de nós, presente efémero e desejado longo, tão longo quanto o horizonte se deixar alcançar.

Vivemos em contínua aprendizagem, caminhamos na direcção certa ou tropeçamos, sorrimos ou choramos, tudo é uma lição, mais ou menos cruel. Nunca sabemos quando se fecha um capítulo porque há segredos que não alcançamos. Desejamos mais, mas temos a plena consciência de que há sempre algo que nos escapa como uma nuvem de fumo. Quando os desejos se cumprem… tudo lembra um fogo-de-artifício multicolor. Quando nos falham… pairamos no vazio, procurando uma direcção que nos afaste das lágrimas. Escondemo-nos da vida, tentando fugir das amarguras, mas somos obrigados a olhar mais além.

Não sei os porquês, mas a minha intuição diz-me que este é o momento exacto para fechar outro longo capítulo do meu livro, deste livro cuja trama se desenrola perante mim, diante dos meus olhos que cantam ou então que se deixam vencer pelas marés, umas vezes pelos meus passos, outras vezes por passos desconhecidos aos quais me é impossível fugir. O meu coração lembra uma manta de retalhos, aurículas e ventrículos unidos por pontos de alegria e de tristeza, sempre empenhado nesta grande aventura.

Mas, por qualquer razão que me transcende, por desígnios que os deuses teimam em esconder-me, encontro em mim a ilusão de um novo capítulo e escrevo novas páginas, como se nascesse em cada mudança. Misteriosamente, o meu baú mágico de desejos nunca se esgota, nem a minha alegria talvez nascida de cogitações insondáveis. E é assim, dolorosa ou suavemente, que as páginas do meu livro se desvelam, num compasso musicado a um ritmo que tantas vezes gostaria de mudar. É assim que esta dança me obriga a prosseguir, tecendo teias de sonhos por cumprir, acariciada pelas saudades de todos os azuis da minha muito amada Lisboa, abraçada pelos suestes do meu Al-Gharb… teimosamente sorrindo por entre as nuvens.

.*.*.K.*.*.








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